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A invenção das águas


Das minhas águas, nasceu esta cidade. Meu córrego viu um homem de fé chegar e plantar a semente desse povo. Já fui frequentado por toda a gente: criança me fazia rir com minhas próprias gotas, adultos se limpavam (eu não reclamava da sujeira) e levava parte de mim, enlatada para diversos cantos desse lugar. O salobro líquido que parece não fazer falta em dias de água dentro de casa já matou a sede e a fome de muita gente. A fome sim: em minhas águas muitas roupas lavadas era o modo das mulheres ganharem algum trocado e alimentar suas famílias. Não me olhe com esse ar de piedade, Santo Estevão. Quem começou a relembrar o passado foi o Senhor, o padroeiro, sempre lembrado ou festejado. Também não estou reclamando ou evocando tua intercessão para nenhum milagre, mas como queria não ser apenas memória seca da nossa cidade.

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