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Infância



Com os olhos na água da chuva que corria pelo quintal, e nos netos brincando numa poça a sua frente, Maria gritava e sorria. Saiu da casa quase tropeçando no sofá para verificar a algazarra que os netos faziam. Era uma avó paciente, mas tudo tinha limites! Não bastava a chuva que não parava há dias, a rua enlameada e o frio, ainda precisava controlar as crianças enquanto os filhos trabalhavam.

Ao chegar no quintal e assistir ao baile que as crianças, a água e o cachorro protagonizavam, quase perdeu a voz. A cena a fez lembrar seus momentos infantis. Como os netos, também se divertia com qualquer novidade. Como era fácil ser feliz! Chegou a ouvir a voz da mãe gritando para que não ficasse na chuva, não se sujasse. Sentiu o prazer que as brincadeiras lhe trouxeram e abafou o grito ensaiado para colocar as crianças dentro de casa. Sorriu.

A neta mais velha, paralisou ao ver a vó à sua frente. A menor, a chamou para brincar. Jogou-se no colo da avó. Não conseguia dizer não para a pequena Luna. Entrou na festa. Só voltou para casa porque um dos filhos chegou, bradou e atestou a caduquice da mãe. Não discutiu. Dormiu como criança.


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