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Minha cidade


Nasceu maravilhosa, cercada do verde dos morros e do azul das praias de areias douradas. Cartão postal, representava o Brasil. Todos queriam conhecê-la. Quando a conheciam, se apaixonavam.

Leveza, descontração, alegria, muita música e cheiro de eterno verão.

Cresceu sem cuidado e sem educação, deixada de lado, menina de rua em meio ao lixo acumulado nas vias, nos rios, nas praias hoje improprias para banho

A zona rural, bucólica, virou urbana. A zona norte urbana, sem investimento, conheceu o abandono e a violência do crescimento desordenado. A zona sul exilou seus primeiros habitantes para os morros e regiões mais distantes para atender a uma casta cuja indiferença e voracidade transformou a cidade em cidade partida, onde a liberdade de ir e vir é cerceada.

O centro da cidade com seus casarões, hoje em ruínas, e prédios de arquitetura rebuscada inspirada em Lisboa e Paris, aos poucos substituídos por espigões de concreto e vidro, áridos, frios, sem passado, sem história.

Ainda a amo, porque não se deixa de amar quem o gerou. Ainda é bonita por natureza. Ainda conserva a alegria e a musicalidade nos seus filhos e filhas, nos raros momentos em que conseguimos deslembrar da miséria que cresce nas ruas, sufocar a dor do abandono por sucessivos governos predadores, esquecer a violência e a morte da gente dourada e negra, nascida e adotada, que se orgulha de ser carioca.

Cidade Maravilhosa, és minha!

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