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Ana dos Santos


Foto: Igor Sperotto



1. Como você escreve, falando do seu processo de criação;

Eu escrevo poesia, às vezes me aventuro por micro contos e crônicas. Também escrevo resenhas, apresentações e prefácios para outros escritores. Como pesquisadora de literatura, aprendi a escrever artigos científicos e uma dissertação de mestrado que me desafiou não só como um texto em prosa, mas que me propus a falar em primeira pessoa. Minha escrevivência aparece assim, no subjetivo, na intersecção de raça, classe e gênero. Eu iniciei escrevendo diários, prática que mantenho até hoje. Escrevo à caneta, dou um tempo, volto no rascunho e reescrevo. Tenho cadernos e blocos de anotações. Enquanto isso vou pensando no objetivo do texto e no público leitor. E reescrevo, sempre. Por fim, digito no computador, mas na faculdade ainda usava a máquina de escrever da minha mãe. Eu fiz curso de datilografia e máquina elétrica. Mas não largo a caneta e o papel. E preciso de silêncio para escrever, silêncio e solidão.

2. Que obras literárias influenciaram sua carreira, sua vida;

Minha entrada na poesia se deu na infância com Mário Quintana e seus livros infantis. Ele nasceu em Alegrete, cidade dos meus pais, então éramos fãs do poetinha e até o conheci na Feira do Livro. Minha mãe sempre me presenteou com livros e eu estava sempre na biblioteca da escola. Ao me preparar para o vestibular, tive que ler Machado de Assis e uma luz se acendeu dentro de mim: é isso que eu quero, escrever meus pensamentos e observações sobre a vida. Me apaixonei por Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa. Através de amigos, conheci Clarice Lispector e fiquei sem palavras, quanta coisa pode a escrita! Mas, a virada de chave veio com as escritoras negras, Elisa Lucinda e Conceição Evaristo. Foi onde me achei em casa, no erotismo e na negritude. E assim venho caminhando com as escritoras negras e agora com a escritora indígena Eliane Potiguara. Elas me afetam de modo especial.

3. Só uma sugestão que você daria aos escritores iniciantes.

Para quem quer iniciar na escrita literária eu recomendo que antes de tudo, seja um leitor. Um leitor curioso e aberto para expandir sua imaginação. Leia os clássicos da literatura, sempre, e conheça os escritores contemporâneos. Como diz Carolina de Jesus, quem tem um livro, tem um amigo. E como ela também dizia: "eu sempre quis ver meu nome na capa de um livro", sonhe! E corra atrás dos seus sonhos, não desista!


Minibio

Ana Dos Santos é professora de Literatura Brasileira e escritora. Mestra em Estudos Literários Aplicados - Letras/UFRGS, ministra a oficina de escrita criativa “Mulher Negra, Meu Corpo, Minha Voz,”. Tem três livros publicados: “Flor” (Corpos Editora, 2009), “Poerotisa” (Editora Figura de Linguagem, 2019), finalista dos prêmios Livro do Ano de Poesia da Associação Gaúcha de Escritores do Rio Grande do Sul e Milton Pantaleão de Literatura Independente e “Pequenos grandes lábios negros” (Venas Abiertas, 2020) vencedor do Prêmio Milton Pantaleão de Literatura Independente – Categoria Poesia - 2021. Faz parte do catálogo “Intelectuais Negras Visíveis” (UFRJ) e é Acadêmica da Academia de Letras do Brasil/Rio Grande do Sul na cadeira 100 com a

Patrona Lélia Gonzales. http://anitamorango.blogspot.com



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