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Mariana Basílio


© Roberto Candido, fevereiro de 2024

Mariana Basílio (8 de janeiro de 1989), nasceu em Bauru, interior de São Paulo. Mestra em Educação. É poeta, ensaísta, romancista e professora, radicada em São Paulo. Publicou desde 2015 cinco livros, entre os quais Sombras & Luzes (2016), Tríptico Vital (2018) e Mácula (2020), além da plaquete As Três Mal-Amadas (2023). Em 2020 recebeu da Secretaria de Cultura de São Paulo o Prêmio Por Histórico de Realização Em Literatura (Programa de Ação Cultural/ProAC). Seu nome figura em diferentes antologias, como nos contos de Geração 2010: O Sertão é o Mundo (2021). Colaborou na última década em outros países, incluindo El Salvador, Espanha, México e Portugal.

Traduz outras mulheres da poesia internacional. Em abril de 2024 lança Pangeia: A Etimologia do Ser (Assírio & Alvim), que venceu o vigente Prêmio Paraná de Literatura em 2020 (Biblioteca Digital na pandemia). Mantém o site www.amarianabasilio.com



1. Como você escreve, falando do seu processo de criação;


O primeiro processo de criação é ser uma caçadora ou adorada de palavras aleatórias: da boca de quem convivo, ou ainda das linhas “orais” feitas dos silêncios históricos dos livros – seja no idioma nativo, ou dos idiomas em que também procuro movimentar as sinapses. Ou seja: é um processo de comunicação. Celebração dos signos. Gosto muito de imaginar que eu crio quando me conecto às forças coletivas, do passado e do presente.

Um charmosíssimo italiano, Italo Calvino, nos dizia que o conhecimento do próximo tem isto de especial: passa necessariamente pelo conhecimento de si mesmo. É como uma colcha de retalhos, em que as nossas falas se esparramam, e por isso, criam a ficção, da não ficção. Isto é: a realidade versus a irrealidade, a imaginação para uma pulsão criadora. No mais, ainda gosto da fala de uma sabichona francesa, Marguerite Duras: “Sou mais escritora do que vivente, que uma pessoa que vive. Naquilo que vivi, sou mais escritora do que alguém que vive. É assim que eu me vejo.” Assim eu reescrevo o livro da vida.


2. Que obras literárias influenciaram sua carreira, sua vida;


Em primeiro lugar, os calhamaços. Exatamente pelo suspiro trôpego de um “é tudo isso?” ou ainda “como essa pessoa pôde? [com isto]’’, logo, vamos danar as palavras, repeti-las e preenchê-las com muito mais assombro e beleza. Aponto “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, e em seguida, “A Odisseia”, de Homero. Ainda aponto livros de Machado deAssis, e junto deles aponto Alejandra Pizarnik, Anne Sexton, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Edgar Allan Poe, Hilda Hilst, Langston Hughes, Lygia Fagundes Telles, Marianne Moore, Silvina Ocampo, Sylvia Plath, Sófocles, Vinicius de Moraes, Virginia Woolf, e W. H. Auden.


3. Só uma sugestão que você daria aos escritores iniciantes.


Penso que todas as pessoas devem manter o seu espírito em um campo de beginner’s mind – em japonês dizem ser um shoshin 初心: você é um eterno iniciante. Apesar de ser importante imaginar que quanto mais livros a gente leia, mais histórias a gente viva, ou que há uma certa maturidade que nos atinja, conforme as décadas passeiam por nós, o senso de uma ideia fresquinha, os tais insights, ou ainda conexões que você tenha com o seu universo (silencioso) interior acontecem de maneira mais producente, quando você

está aberta a escutar e a iniciar ideias inovadoras, exatamente porque não teve a resistência tentadora de já ir por um acúmulo, ou caminho muito específico, mesmo no campo das artes, e no caso, da escrita, você sente o voo; É importante sobre escrever em diferentes gêneros, ou recomeçar temas e personagens de maneira nunca antes feita, porque você não se fecha em uma só “fórmula”, mas segue aberta para romper paradigmas, e ainda sim colaborar mais à força coletiva na literatura. Fico com John Lennon, do disco Double

Fantasy (1980): “A vida é aquilo que acontece enquanto você está fazendo outros planos.”

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Noemi Jaffe

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