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Natalia Borges Polesso




1. Como você escreve, falando do seu processo de criação

Eu escrevo de muito modos, mas sempre com questões. Por exemplo, no meu primeiro livro Recortes para álbum de fotografia sem gente, minha questão era estética. Eu queria tensionar imagens sem necessariamente contar uma história de modo formal, queria que as pessoas leitoras precisassem se envolver no texto preenchendo as lacunas.

Em Amora, a minha questão era estética e social: que histórias mulheres lésbicas e bissexuais podem contar? Como essas histórias podem fugir de estereótipos? Já em A extinção das abelhas, minhas questões eram sobre o colapso do mundo, das relações, dos afetos, como viver num mundo em ruínas? Quando as ruínas do mundo chegam na gente? Assim parto. Vou delineando personagens, essas são as primeiras que surgem, às vezes até antes das questões. Escrevo muito na minha cabeça, o tempo topo, antes de tocar um projeto direto. E escrevo dois ou três livros ao mesmo tempo, em geral, porque demoro. Praticamente, gosto de trabalhar pela manhã. Tenho o costume de acordar cedo, entre 5h e 6h da manhã, e pra mim esse é o melhor horário para escrever.

Escrevo com curiosidade. Tenho muitas anotações e junto muito material, tais como artigos, links, fotografias, outros livros.


2. Que obras literárias influenciaram sua carreira, sua vida

Acho que nos meus anos de formação de estudante foram Lygia Fagundes Telles, Caio Fernando Abreu e Julio Cortázar. Hoje são pessoas escritoras contemporâneas que me influenciam. Adoro o trabalho de Carola Saavedra, Luciany Aparecida, Veronica Stigger, Leo Tavares, Aline Zouvi, Lino Arruda. Poderia citar muito mais gente aqui. Mas quero fazer um destaque especial pra quadrinista estadunidense Alison Bechdel. Em 2021, li seu livro O segredo da força sobre-humana (lançado no Brasil em 2023) e fiquei muito tocada. É um quadrinho que fala sobre vida, exercício físico e envelhecimento, tudo isso atravessado por questões existenciais sobre a vida, a morte e o corpo. Me marcou muito.


3. Só uma sugestão que você daria aos escritores iniciantes.

Minha sugestão é: não importa o gênero que tu escreve, leia todos, sobretudo poesia. E aí recomendo Onde estão as bombas, de Tatiana Pequeno.


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