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Marta Cortezão







Marta Cortezão nasceu em Tefé/AM, mas mora em Segóvia/Espanha desde 2012. É escritora, poeta, tradutora, trovadora, ativista cultural, idealizadora dos projetos Enluaradas e Tertúlias Virtuais, do blog Feminário Conexões, das conversas literárias do Ajuri Cultural e do Mulherio das Letras Espanha. Tem obras publicadas em antologias (poesia e conto), tanto nacionais como internacionais. Livros “Banzeiro Manso” (poesia) e “Amazonidades Poéticas – Cultura e Identidade” (de trovas, no prelo). No Instagram @mcortezao.




1. Como você escreve, falando do seu processo de criação;


Meu processo de criação se dá muito internamente e as leituras são minhas fiéis companheiras, por serem as que dão suporte a este meu estado de criação. No caso de um conto ou de um pequeno ensaio literário, por exemplo, o texto fica me habitando por dias, o levo comigo a todas as partes, mas onde mais ele adora estar comigo é na cama (rsrs) me tirando o sono. É uma luta interna que travamos os dois, quase uma queda de braço mesmo, e quando sinto que ele se apresenta muito intenso em mim, é o momento de escrevê-lo, de desenvolver estas ideias, tecê-las fio a fio e dialogar com elas. Como sou virginiana, e talvez não fuja à regra do fardo astral que se carrega sendo deste horóscopo, me apego muito aos detalhes, gosto das minúcias, de passar horas lendo o mesmo texto, depois de chegar ao pseudoponto final. Há casos também em que me aborreço seriamente com o texto, aí então o coloco de castigo e o menosprezo por algum tempo até segunda ordem, uma verdadeira relação de amor e ódio (rsrs). Em se tratando da escrita deum poema, há todo esse processo, mas tudo acontece em menor espaço de tempo. Não esquecendo que há aqueles poemas bem tinhosos que costumam bater os pés métricos e empacar geral, mas nada que, com paciência, labor e dedicação, não se alcance um the end a contento.

Para mim, escrever é um ritual, gosto de estar com minha solitude, em silêncio comigo mesma e mergulhar em meu caos, abrir-me os sentidos, entregar-me às sensações sensoriais e emocionais que as palavras possam me provocar. As redes sociais também contribuem bastante para meu processo de produção textual, porque o texto escrito rapidamente para um post diário, no decorrer do dia ou até de dias, vai se modificando a cada leitura que faço dele e se perfilando aos meus olhos.


2. Que obras literárias influenciaram sua carreira, sua vida;


Acredito que tudo que li e que me atravessou e tudo o que leio atualmente, pode estar presente, de alguma forma, no que escrevo, mas o que vem à tona e se escancara em minha escritura são as minhas vivências, essas sim se notam aos borbotões, como por exemplo, os elementos culturais e folclóricos do universo amazônico, onde estive mergulhada, especialmente, durante minha infância.

Mas, se volto um pouco no tempo, de 2001 a 2011, me encontro com a Marta professora de Literatura Portuguesa e de Literatura Latina e, esporádicas vezes, de Literatura Brasileira.

Então, nesse contexto, citaria autores/as sobre os/as quais me debrucei e que me tocaram muito profundamente, como Gil Vicente, Camões, Teixeira de Pascoais, Almeida Garret, Cesário Verde, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, José Saramago, Florbela Espanca, Augustina Bessa-Luís, entre outros nomes. Do mundo clássico, carrego a paixão pelo rico arsenal literário da mitologia greco-romana: as epopeias de Homero, também os versos amorosos de Safo de Lesbos, a beleza ímpar das “Bucólicas” de Virgilio, os avassaladores versos elegíacos de Catulo à sua amada Lésbia, o refinado conhecimento de Ovídio Nasão n’As Metamorfoses, o panteão mitológico de Propércio, e a lista seguiria. Na literatura Brasileira, destaco Macunaíma, de Mário de Andrade, Galvez, imperador do Acre, de Márcio Souza e A hora da estrela de Clarice Lispector, que foram minhas primeiras leituras na faculdade e lembro muito de como estas obras me abriram a tantos mundos, até hoje eu as revisito sempre que algo delas fala em mim.


3. Só uma sugestão que você daria aos escritores iniciantes.


Fazer o que gosta sempre com paixão pela literatura, tendo um olhar crítico, consciente e de muita seriedade para com sua produção literária com o propósito de saber analisar os muitos “nãos” que receberão pelo caminho e não se desestabilizar emocionalmente. É importante também dar ouvidos à intuição e procurar não se perder no mundo da concorrência, da busca desesperada por prêmios literários e dos desfiles dos egos inflados, porque tudo o que se precisa para realizar os sonhos, para bem e/ou para mal, está dentro de cada um de nós, não haverá uma segunda ou terceira pessoa para realizá-los, é você mesmo/a a primeira pessoa do discurso, a que executa este importante labor e que lhe deve amor e compreensão sem medida.




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